Essa foto foi tirada em meu trajeto casa-trabalho-trabalho-casa.
Os objetos estavam exatamente assim.
Olhei, mirei e passei reto.
Mas inquietei-me! Por que tinham que
estar ali? Lado a lado... Como se colocados?
Decidi tirar uma foto. Demorei a conseguir um bom ângulo, pois o sol ardia
forte demais.
E nessa de procurar um ângulo, minha imaginação se ativava
cada vez mais.
Claro que pensei no problema do lixo espalhado na calçada. O
desperdício, o desrespeito, a poluição, a contaminação... Mas foi impossível
não pensar numa mulher, que talvez tivesse tirado e atirado o soutien. Liberta do
soutien, com os seios soltos, saltitantes, andando por aí.
Transgredindo. (1)
Por que ela tirou a máscara ou o soutien?
O que ela tirou primeiro?
O que ela tirou primeiro?
Quem é essa mulher, meudeus? Cadê ela?
Ela estava saindo de casa ou retornando para casa quando se livrou das peças?
Inspirada nas provocações contidas no texto (2) de Bruno Latour (3), essa imagem me remeteu a duas interrogações...
✔ O que deixamos de fazer na pandemia que não nos faz a
menor falta?
✔ O que a pandemia nos impôs que não desejamos mais em nossas vidas?
Essa mulher imaginária, ainda em meio à pandemia, já decidiu o que deixar para trás!
Do soutien à máscara, estamos querendo nos livrar do quê?
(1) https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/mascaras-se-tornam-obrigatorias-em-santos-guia-orienta-uso