sábado, 14 de janeiro de 2023

Saúde Mental e festas de final de ano

Há muito tempo se discute o impacto negativo que as festas de final de ano podem gerar na saúde mental das pessoas.

Nestes tempos de pandemia, o tema se tornou ainda mais presente, intensificado pela vivência de incontáveis restrições e perdas, das mais diversas ordens.

No mês de dezembro/2022, participei dos Encontros do Podcast Conexão Cuidado - LICHSS, proporcionados pelo Projeto de Extensão Saúde mental e cuidados: aspectos socioculturais, éticos e políticos, da UNIFESP campus Baixada Santista. O último encontro abordou “a importância e implicações das festividades de fim de ano para a saúde mental”.

Deste momento, que foi de discussões muito ricas, surgiu a ideia do encontro, que se tornou o mote deste post.

Este encontro, de partilhas muito ricas, me inspirou a propor um encontro, realizado dias antes das comemorações do Natal. A ideia era convidar usuários e trabalhadores de uma unidade de saúde da família da qual sou apoiadora para um momento de acolhimento e reflexões sobre sentimentos suscitados nesta época do ano.

 


 

No dia marcado, o tempo sofreu uma mudança brusca, com chuvas torrenciais, alagamentos e queda de temperatura. Para quem trabalha em territórios de acesso mais difícil, como eu que trabalho em região de morros, isso significa que o índice de absenteísmo dos usuários será enorme naquele período ou durante todo o dia.

Mas isso não arrefeceu os preparativos. E assim nos preparamos para receber os usuários que se juntassem a nós, trabalhadores.



O encontro aconteceu envolvendo uma usuária e nove trabalhadoras, de diferentes categorias, de nível técnico e superior.

Comecei pedindo que os presentes partilhassem (o quanto quisessem) de seus planos para as festividades de final de ano. A intenção era ir mostrando que cada um tem seu jeito muito singular de sentir, de encarar e de planejar seu momento de final de ano.

Os relatos foram mostrando diferentes planos, que foram desde festejar intensamente até comer e dormir cedo, passando por atividades de natureza religiosa e também trabalhar.

A pandemia não deixou de dar as caras. Quase todos declararam que tradições familiares foram alteradas ou totalmente extintas por conta dela.

Um relato foi particularmente tocante, porque a participante expôs os abalos sofridos em sua saúde, após contrair covid-19 em duas ocasiões no mesmo ano.

Todos ali tinham planos e não surgiu nenhuma situação explicitada de desamparo ou solidão... O que me fez pensar: será que uma pessoa realmente angustiada, desesperançada nesta época do ano, apareceria ali? Teria coragem de se expor diante dos outros?

E daí fui lembrando que era também relevante (e muito) espalhar a mensagem, provocar a reflexão, discutir estratégias. Afinal, estávamos entre trabalhadores da saúde...

 

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O que me inspirou na elaboração da proposta:

Laboratório Interdisciplinar Ciências Humanas Sociais e Saúde - LICHSS

LICHSS no Instagram

Podcast Conexão Cuidado - LICHSS - episódio 12


Maria Homem: Natal e solidão - Por que as datas festivas são depressivas?

Minuto Saúde Mental #44: As festas de final de ano exigem atenção especial com a nossa saúde mental 

 

 

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