quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

EPS em Movimento com Emerson Merhy

"Movimentando-se com a EPS" seria também um bom título para este post.

A pista que compartilho hoje se constitui de dois vídeos muito especiais, sobre a EPS em Movimento, de 2014, que estão disponíveis no YouTube.

Estes vídeos fazem parte do material pedagógico de um curso de especialização e aperfeiçoamento em EPS, ofertado pelo Ministério da Saúde, com articulação do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges/MS), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

(logotipo do curso - fonte: site da UFRGS)

  

O primeiro vídeo, que tem o nome de EPS em Movimento - Emerson Elias Merhy, pode ser encontrado neste endereço AQUI.

Em pouco mais de 15 minutos, Merhy [1] consegue apresentar de modo muito simples e acessível o que é a EPS em Movimento. O exemplo que ele escolheu para ilustrar e discutir a questão do "movimento" foi uma entrevista do músico e compositor Marcelo Yuka, que integrou O Rappa.

No ano 2000, aos 34 anos de idade, o artista foi vítima de um episódio de violência urbana, sendo baleado durante um assalto, o que fez com que vivesse o restante de sua vida em uma cadeira de rodas. 

No vídeo, Merhy conta que, em 2014, Yuka concedeu uma entrevista à revista Cult, na qual relatou sobre a “perda do sentido da vida”, logo em seguida ao ocorrido. A frase “a imobilidade me movimentou” foi um disparador para que o professor colocasse sob novas perspectiva suas ideias acerca da EPS.

A partir deste ponto do vídeo, aos 5 minutos, Merhy analisa o mundo do trabalho em saúde, compreendido como uma escola neste contexto, em que os trabalhadores são produtores de conhecimento e aprendizes, ao mesmo tempo. Discute o cotidiano deste mundo, suas relações e as dificuldades inerentes a um cenário tão complexo.

Ele nos lembra que o trabalho em saúde sempre é sobre o encontro com o “outro”, que não está totalmente definido. Há uma novidade  neste “outro” e uma tensão natural que pode levar o trabalhador a se proteger na imobilidade.

A EPS surge no seu discurso como uma prática sistemática, que se dá ainda que na imobilidade que o mundo do trabalho nos produz.

Em sua fala, surge também a potência do trabalhador, que se movimenta e produz mobilidade no cotidiano. Dentro de uma regra rígida, por exemplo, é capaz de criar espaços novos, é capaz de invenção. É aí que se produz a novidade, para si e para o “outro”. E então temos novos modos de cuidado.

 

O outro vídeo chama-se EPS em Movimento – depoimento Merhy e pode ser assistido AQUI.

Com duração de 13 minutos, esse material é outra fonte sobre o tema, a que vale bastante assistir.

Merhy discorre sobre o trabalhador em sua formação contínua, sob a forma da EPS, que tem lugar no mundo do trabalho. Faz um contraponto entre esta modalidade e a proposta de uma formação mais estruturada, para aquisição de habilidades e conhecimentos específicos, aprimoramento de uma técnica, por exemplo.

Um ótimo ensejo para discussão EPS x Educação Continuada...

E nos próximos minutos do vídeo, é exatamente o que ele faz, propondo-se a diferenciar EPS e EC.

Educação Continuada: organiza pensamentos já elaborados e estruturados.

Educação Permanente em Saúde: mundo do trabalho exige pensamento sobre o próprio ato.

Ao longo do vídeo, Merhy aprofunda aspectos da EPS, complementando o material apresentado mais acima, nos convidando a reflexões mais provocativas quanto ao tema.

Percebo esse segundo vídeo como um diálogo mais denso sobre a EPS e o mundo do trabalho...

Apesar dos títulos semelhantes e de ter o mesmo protagonista (com a mesma roupa! 😊), os vídeos diferem bastante entre si... O suficiente para que os dois possam ser trabalhados com um mesmo público, tranquilamente.

 

Para complementar essa discussão, sugiro a leitura do artigo Educação Permanente em Movimento - uma política de reconhecimento e cooperação, ativando os encontros do cotidiano no mundo do trabalho em saúde, questões para os gestores, trabalhadores e quem mais quiser se ver nisso.

O autor é... sim, Merhy.

Este artigo de opinião é de 2015 e seu longo título é autoexplicativo. Em compensação, tem apenas 8 páginas, podendo ser trabalhado em um momento de leitura coletiva.

Está disponível clicando AQUI.

 

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[1] Emerson Elias Merhy - quem é

 

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