terça-feira, 5 de abril de 2022

Fala, mulher - Dia Internacional das Mulheres

Essa data anual [1] sempre suscita demanda por ações específicas junto à população. 

Infelizmente, na Saúde, ainda nos prendemos em abordar doenças ou problemas mais comuns que acometem as meninas e mulheres adultas ou idosas.

Neste ano, a encomenda foi por uma ação junto às mulheres que estariam em uma das Unidades de Saúde da Família em que presto apoio, em uma sexta-feira. Seria um dia dedicado a atividades voltadas para este público, individuais e coletivas.

Pensei em uma roda de conversa, sempre como alternativa para fugir das tais "palestras", sobre as quais tenho minhas reservas.

Para batizar a atividade, "Fala, mulher - diálogos entre mulheres do Valongo" foi o que me veio à mente, após um período de matutação (feito de matutar) [2]. A ideia era colocar as usuárias na centralidade da ação, já que é comum que a profissional de saúde "detenha" a palavra.

De início, pensei em sondar as mulheres que estariam circulando na unidade nos dias que antecederam a atividade sobre o quê elas gostariam de falar.

Contando com o apoio da equipe, um quadro foi montado por uma Agente Comunitária de Saúde na entrada da unidade, para que elas escrevessem suas sugestões.


A equipe da unidade se empenhou na divulgação das atividades do dia, via redes sociais e aplicativos de mensagens.



Pouco antes, fui coletar as sugestões colocadas no quadro. E, mais uma vez, o tema da violência doméstica foi o mais mencionado. Deste modo, organizei a ação nesta temática.

Chegou o dia...

Preparamos a sala com antecedência. Pensando que as poesias de Ryane Leão [3] seriam bons disparadores para esse encontro. Lendo o livro "Tudo nela brilha e queima" [4], selecionei poesias que poderiam remeter a situações de violência doméstica e/ou relações abusivas.



 

Tudo pronto! E a roda de conversa com as usuárias não decolou.

Após participarem de uma atividade longa, as usuárias dispersaram. Algumas precisavam ir embora mesmo, por conta de afazeres domésticos ou rotina de trabalho. Outras tinham também consultas individuais agendadas na unidade.

Não foi exatamente uma surpresa. E já havia me preparado para esse plot twist imprevisto. 😲

Havia separado vídeos para aquecer o diálogo. Alguns deles, pensando na população que atendemos naquele território. Outros, na equipe que ali trabalha.

E daí alterei o script minutos antes da ação. E se formou uma roda de conversa com trabalhadoras e trabalhadores, no tema da violência doméstica, mas em outra perspectiva.

Reuniram-se cerca de 14 pessoas na sala, de diferentes profissões. Contudo, vale destacar que a maioria eram Agentes Comunitários de Saúde.

O encontro começou pela exibição do vídeo A mudança do lugar da mulher na sociedade [5], com a Professora Belinda Mandelbaum [6], da Casa do Saber. O vídeo é curto (8 minutos), leve, com linguagem acessível e se mostrou um ótimo disparador para a conversa.

Nem passei o vídeo até o final porque ele abre muitas possibilidades / ideias. Em resumo, 1 hora de atividade foi pouco para o diálogo. O tema se desdobrou em muitas discussões sobre violência, emancipação, gênero, cultura e muito mais.

 

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[1] leia mais sobre a data aqui

[2] do verbo matutar - veja no dicionário

[3] para (começar a) conhecer um pouco de Ryane Leão 

[4] para comprar o livro (uma sugestão) 

[5] assista A mudança do lugar da mulher na sociedade

[6] saiba mais sobre a Professora Belinda Mandelbaum

 

 



Um comentário:

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