O mês de MAIO é marcado por duas datas importantes e bastante mobilizadoras: o Dia do Trabalhador e o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
Tendo como mote a Saúde Mental do Trabalhador, a pedido de uma das equipes de Saúde da Família apoiadas, comecei a pensar em uma atividade.
Este tema nunca perde a atualidade e, nos últimos tempos, vem ganhando mais e mais destaque.
Neste período de pandemia, muito conhecimento foi produzido e divulgado quanto à saúde mental do trabalhador da saúde, especificamente.
Se antes, já era preocupante o processo de reestruturação produtiva e seus efeitos, as políticas que intensificam a rotina de trabalho, agora soma-se a isso uma sobrecarga (im)previsível para os trabalhadores de saúde.
Propor uma atividade neste tema poderia ir em múltiplas direções. A oferta de ações de cuidado direto ao trabalhador podem ser muito interessantes e benéficas, talvez por isso sejam as mais aplicadas.
Mas não queria fazer nada tão óbvio!
E também queria desconstruir um pouco a ideia de que cabe ao trabalhador, individualmente, se cuidar e "obter / preservar sua saúde mental". Como se fosse apenas isso. Uma escolha pessoal.
Interessava apresentar uma outra leitura, uma outra ótica sobre o tema. Desencadeando outras reflexões, talvez.
Falar com os pares pode ser um desafio, que se apresenta sob diferentes formas e tamanhos. Então, todo preparo não é demais...
Mergulhei em uma busca de material. Pesquisei e li muito, do jeito que eu gosto 💗. Porque é também o meu momento de (des)formação.
Nesta imersão, me deparei com um documento chamado Protocolo de Atenção à Saúde Mental e Trabalho.
Publicado em 2014, envolveu uma parceria entre Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde, Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador e Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador.
Essa publicação é reconhecida em artigos como uma iniciativa pioneira para tratar do tema da "Vigilância em Saúde Mental Relacionada ao Trabalho".
"Este Protocolo constitui-se em uma importante
ferramenta para o diagnóstico e manejo das
principais situações de adoecimento e transtornos
mentais relacionados ao trabalho no âmbito da
Rede Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador na
Bahia (Renast-BA)." (trecho à p. 10)
Ela abarca orientações para a identificação, acolhimento e acompanhamento e notificação de casos, além de descrever ações de Vigilância em Saúde do SUS.
Diante de um material tão completo, se faz necessário um recorte, para tornar a atividade viável.
Na Introdução, à p. 12, se inicia uma interessante discussão sobre o trabalho nos tempos atuais, suas características e consequências para a saúde do trabalhador.
Selecionei alguns parágrafos da Introdução, que foram transferidos para uma folha de sulfite, em formato de panfleto. A ideia era que cada trabalhador tivesse o material em mãos, para uma leitura conjunta.
O material foi utilizado em duas ocasiões, com equipes de Saúde da Família, em diferentes territórios.
Ainda acrescentei na última parte do panfleto dicas de vídeos do YouTube para relaxamento e, na segunda ocasião, optei por colocar os contatos de serviços da rede da Secretaria Municipal de Saúde que atendem os trabalhadores.
As conversas renderam bons momentos. É sempre muito bom quando podemos dialogar e refletir coletivamente sobre o próprio trabalho, em sua dimensão individual (porque não o vivenciamos de modo uniforme) e em sua dimensão grupal.
É notório que faltam ao trabalhador tempo e espaço para vivenciar momentos como este. O que pode surgir, espontaneamente, nos surpreende. E também nos toca profundamente.
Não subestime o que seus colegas carregam silenciosamente...
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