Violência doméstica...
Taí um tema difícil (mas extremamente necessário) de abordar!
Há tempos atrás, recebi uma encomenda para abordar o tema com uma equipe de Estratégia de Saúde da Família.
Aliás, não imagino equipe que acompanhe mais de perto esses casos do que aquelas que compõem a Saúde da Família.
Cada episódio de violência, assim que vaza pelas paredes da casa, se torna conhecido da comunidade e, em consequência, da Unidade de Saúde do território.
Precisamos falar sobre isso!
Não apenas com a população, mas também com as equipes, com os profissionais que cuidam.
Para atender a essa encomenda, fiquei matutando... Por onde começar?
A literatura é vasta. As possibilidades são infinitas. Mas era necessário definir um caminho.
Pensei na "feminização" que a área da Saúde vive.
Pensei nas mulheres que trabalham comigo.
Pensei nas mulheres que atendo.
Pensei em nós todas, enfim...
E decidi que o primeiro encontro seria sobre MULHERES. Simples assim!
Só não sabia como...
Algo lúdico, dinâmico, agitado, leve... Um jogo! Um jogo de adivinhação.
Pesquisei sobre as conquistas das mulheres ao longo da história (relativamente) recente. Organizei uma linha do tempo, com a descrição da conquista e o ano. Transformei em pequenas filipetas. Ficou assim:
A atividade consistiu em distribuir as filipetas amarelas, com as conquistas, entre todos os participantes. Um participante por vez lia a conquista em voz alta, colocava na mesa e o grupo tentava adivinhar o ano em que ela ocorreu.
Eu não deixei as filipetas rosas, com o ano, à mostra. Eles tinham que adivinhar sem pista nenhuma!
Para tornar a atividade mais interessante, incluí fotos de algumas das mulheres citadas nas filipetas amarelas:
Essas imagens circulavam no grupo, na medida em que as mulheres eram citadas.
Toda a atividade rendeu muita conversa e risadas, para além dos fatos que apresentei.
Os participantes dialogaram bastante, fazendo muitas considerações sobre os fatos.
Colocar em perspectiva algumas conquistas das mulheres, como por exemplo, o direito de fazer faculdade, de ter conta em banco sem precisar da permissão do pai ou marido, disparou inúmeras reflexões sobre a posição da mulher na sociedade.
Alguns fatos causaram muito espanto, de tão recentes na linha do tempo. E essa era a intenção.
Essa foi a forma como decidi iniciar o tema. Colocando a MULHER na centro da conversa.
...
Para saber mais sobre o fenômeno da "feminização" da área da Saúde, seguem indicações de artigos para leitura, caso queiram se aprofundar no assunto.
A feminização da medicina do Brasil
http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n2/a10v21n2.pdf
A força de trabalho do setor de saúde no Brasil: focalizando a feminização
http://www.ensp.fiocruz.br/observarh/arquivos/A%20Forca%20de%20Trabalho%20do%20Setor%20de%20Saude%20no%20Brasil%20.pdf
Profissões e ocupações de saúde e o processo de feminização: tendências e implicações
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/118035/000894801.pdf?sequence=1
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